Oficina de Coco com grupo Mazuca da Quixaba
No dia 18 de agosto de 2011, tivemos a honra de abrir nosso projeto com Dona Maria da Quixaba, yalorixá sacerdotisa do “Ylê de Oxum Deym”- Recife, e sua neta Joana D'Arc, a mestra e mãe pequena do Ylê. Elas abordaram tanto aspectos culturais da Jurema Sagrada e do Candomblé, quanto aspectos estéticos do Coco e da Mazuca, especialmente dança e percussão.
A Mazuca é uma tradicional dança folclórica, com rimas e batidas dos pés para acompanhar o ritmo, que relembra as manifestações dos negros do Congo. Já a Quixaba é uma planta medicinal muito usada nos
terreiros de candomblé.
Nos finais das festas das cerimônias religiosas do terreiro de mãe Maria da Quixaba os toques de Mazuca acontecem há muitos anos. Todos dançam e cantam lembrando os grandes e velhos tempos dos senhores
mestres mazuqueiros da jurema .
A tradição religiosa familiar de dona Maria da Quixaba, uma das mães-de-santo mais antigas do bairro do Pina - Recife, neta de santo de Eudes Chagas e líder espiritual do grupo e do Maracatu Nação Encanto do Pina, vem sendo mantida nas interpretações de seus descendentes que integram o Mazuca da Quixaba.
O grupo Mazuca Da Quixaba liderado por Joana Darc reúne fragmentos da historia oral pelos velhos mestres da jurema e as mistura ao som da pisada do coco de terreiro. O grupo nasceu em 2006 no bairro do Pina, em Recife, de uma necessidade ligada ao paralelo singular que une o religioso e o profano.
Mostra, em forma de cantos, toques e danças, o que acontece dentro de uma cerimônia religiosa da jurema nunca jamais visto, para que o público, em geral, passe a conhecer e valorizar tais características que tanto envolvem o povo da Jurema.
O Carimbó das Caixeiras acontece após a derrubada do mastro, que é um dos momentos finais da Festa do Divino Espírito Santo do Maranhão.
Neste momento, com a missão cumprida diante dos rituais sagrados de toda a festa; as Caixeiras, mulheres que conduzem o ritual tocando tambor, transitam para o profano, “lavam o prato”, como dizem por lá. É uma brincadeira interativa com cantos, toques e danças de forma descontraída, agregando e divertindo a todos.
As danças têm um caráter libidinoso que se revela no movimento dos quadris e no sentido duplo das letras que falam do cotidiano do universo Maranhense.
As danças têm um caráter libidinoso que se revela no movimento dos quadris e no sentido duplo das letras que falam do cotidiano do universo Maranhense.
Ministrada pela artista pesquisadora de cultura popular Maria Cristina Bueno, que fundou os grupos de Caixeiras em Campinas e que atualmente coordena o Grupo das “Caixeiras das Nascentes”, esta oficina propôs uma vivência dos ritmos e das danças do caroço, cacuriá e carimbó.
A oficina contou com a contextualização da manifestação através de cantos, aprendizado dos ritmos e das danças e experimentação dos instrumento.
Danças Negras: Do Sagrado ao Profano
No dia 20 de outubro, Renata Oliveira e Fabiano Nogueira nos presentearam com esta maravilhosa oficina.
A beleza dessa dança está na força das mãos espalmadas, nos pés fincando-se no chão, no olhar guerreiro do(a) dançarino(a). A beleza está na força do corpo que se faz onipresente e sincero. Está no Ar, na
Água, na Terra e no Fogo. Está na alma dos escravos, no peneirar, no socar do milho no pilão, no lavar a roupa no rio que passa tranqüilo. A beleza dessa dança está nos mistérios dos deuses africanos com suas
lendas, arquétipos e gestualidade. Força, energia e mistério!!
Os braços e mãos firmes e definidos, expressam gestos e costumes antigos. Quadris e pernas mostram no seu gingado, o ritmo das tumbadoras, agogôs e caxixis. Nos pés descalços, o contato com a terra, com as nossas raízes... E na cabeça, lembranças de uma terra distante. Lembranças que tornaram vivos os costumes, a cultura, a fé...
Os braços e mãos firmes e definidos, expressam gestos e costumes antigos. Quadris e pernas mostram no seu gingado, o ritmo das tumbadoras, agogôs e caxixis. Nos pés descalços, o contato com a terra, com as nossas raízes... E na cabeça, lembranças de uma terra distante. Lembranças que tornaram vivos os costumes, a cultura, a fé...
Sabores e Tambores + Roda de Saberes sobre o Jongo
No dia 17/11, encerramos nosso semestre com chave de ouro. Um dia com duas oficinas na Casa de Cultura Fazenda Roseira. Iniciamos nossa visita com uma palestra sobre “Ano Internacional Afro descendente”, proferida por César Pereira, Coordenador da Juventude Negra no Brasil.
Após a palestra, fomos todos à cozinha, ajudar Nilvanda Sena Com a oficina Sabores e Tambores. Em meio ao batuque na cozinha aprendemos segredos da culinária maranhense e toda a relação desta com a música, em cantos, batuques, ladainhas e rezas cantadas ao santos protetores da cozinha. Salve São Benedito!!
Após um almoço farto – huuuummm...favas no leite de coco, abóbora com carne seca, arroz com pequi e salada de pepinos com limão e pimenta – foi a vez da Roda de Saberes, comandada pelo pessoal do Jongo Dito Ribeiro, que zela hoje pela Fazenda Roseira.
Esta roda, através da qual conhecemos um pouco sobre o jongo, sua dança, seus ritmos e seus pontos – as cantigas em si – assim como a palestra da manhã e uma belíssima exposição de artes, faziam parte do evento “Sou África em Todos os Sentidos”. Este evento acontece anualmente por duas semanas na Casa de Cultura Fazenda Roseira, sempre em torno do Dia da Consciência Negra.
Contamos neste dia com a participação de nossos queridos colegas do Haiti, que nos prestigiaram em ambas as oficinas!
Samba de Bumbo Campineiro
No dia 29/03 o grupo Urucungos Puítas e Quijêngues abriu o segundo semestre o projeto Itinerários do Saber Musical.
O grupo Urucungos mantém um vasto repertório de danças afro-brasileiras, que aprenderam com a folclorista Raquel Trindade. Mas o grupo também se abriu a outras expressões do legado cultural africano no Brasil.
Há quase 20 anos, o Urucungos vem apresentando esse o samba de bumbo, desde que Alceu Estevam, diretor do grupo, resolveu introduzi-lo em suas performances, relembrando as festas que vivenciou em sua infância.
Para se fazer um bom samba de bumbo são importantes a caixa, chocalho e pandeiro, mas o que não pode faltar é o próprio bumbo que dá nome ao samba, um instrumento cujo diâmetro tem geralmente por volta de um metro e cuja sonoridade se pode ouvir à distância. Os instrumentos da base seguem um padrão rítmico sem grandes variações durante a performance toda, enquanto o bumbo "dialoga" com os sambadores, podendo improvisar batidas e variar a intensidade do volume. Por vezes, este bumbo pode mesmo acelerar ou desacelerar o resto da bateria, sendo esta afinal a única variação pela qual esta passa.
Este batuque acompanha a cantoria dos pontos, breves cantigas cujos temas giram em torno dos tempos de escravidão, do trabalho na roça, do cotidiano dos antepassados, dos louvores a santos católicos e, por vezes, a orixás. Há pontos específicos para fins diversos como saudação, louvação, diversão, zombaria ou desafios entre sambadores, e ainda pontos de despedida, para encerrar o encontro, que pode durar uma tarde, um dia inteiro, ou dia e noite. O repertorio de pontos de uma comunidade tende sempre a aumentar, pois além dos seus próprios, podem aprender novos, através das visitas de sambadores de outras cidades; além disso, novos pontos podem ser criados durante uma performance.
A maneira como os pontos são cantados é sempre a mesma: um elemento do grupo propõe uma “demanda”, isto é canta o ponto uma ou duas vezes, ainda sem acompanhamento de nenhum instrumento. Esta demanda pede sempre por uma resposta, ou seja, a repetição do ponto por todos os demais sambadores. Se o coro repetir, isto significa que a demanda foi “aceita”. Uma vez apreendido, o ponto passa ser cantado por ambos, proponente e demais sambadores, alternando-se. Estabelecido o jogo demanda/resposta, inicia-se o batuque, e a partir dai o ponto é repetido inúmeras vezes, sempre de maneira alternada.
E é também no momento da aceitação da demanda que tem inicio o jogo de recuo e avanço entre bumbo e o coeso grupo de sambadores: o bumbeiro avança contra o grupo, "empurrando-o" para trás, mas este logo responde, empurrando o bumbeiro de volta. Uma explicação dada por Alceu Estevam é a de que estes movimentos substituiriam a umbigada, proibida nas fazendas do interior paulista por sua sensualidade, passando o bumbo e o grupo de dançarinos a fazer as vezes de dois ventres se batendo. Os passos dos sambadores são sempre miúdos, arrastados. Colados entre si e ao chão, realizam a performance de um samba de trabalhadores cansados, cujo peso das obrigações podem ser amenizados mediante a sua música, sua dança e sua união.
No dia 26 de abril o professor Léo Lopes e a Orquestra de Berimbaus Navio Negreiro nos deram uma verdadeira aula de uma história pouco conhecida no Brasil: a dos mestres de capoeira e de sua relação com a música, que transcende o próprio jogo da capoeira. Vimos que a música, que parece ditada pelo próprio berimbau, foi a preocupação de vários mestres, que se preocuparam em desenvover toques e mesmo grava-los para gerações posteriores.
Além disso, o professor demosntrou como funcionam vários "árcos musicais" africanos e a Orquestra nos ensinou alguns toques.
Muito obrigada, Navio Negreiro!
No dia 31 de março, tivemos a oficina de Sala de Coco, com Guga Santos.
Além disso, o professor demosntrou como funcionam vários "árcos musicais" africanos e a Orquestra nos ensinou alguns toques.
Muito obrigada, Navio Negreiro!
Sala de Coco!!!
Coco, cafurna, mazurca, brinquedo ou folguedo de roda são os vários
nomes dados à uma brincadeira popular que surgiu na época da escravidão
nas lavouras de coco do nordeste do Brasil. Esta brincadeira é uma
mistura das tradições e influências indígena, africana e portuguesa,
principalmente na marcação do ritmo, na instrumentalização e em seu
formato de roda.
A Sala de Coco é justamente um coco de sala, pra se dançar num espaço
mais recluso, muitas vezes a sala de casa, uma festa mais íntima que as
celebrações de terreiro.
A tradição do coco persiste como brincadeira popular em todo o Nordeste com suas derivações, entre elas, o coco de roda, o coco de umbigada, o coco de embolada, o coco de trupé, o coco de praia e o coco de sala.
No começo da oficina, tivemos uma breve conversa sobre a história do brinquedo, traçando um paralelo com os dias atuais, logo integrada ao ritmo com o trupé e palmas. Em seguida fomos apresentados aos instrumentos percussivos, ao canto e por último e não menos importante ao “repente” onde se utiliza o improviso, o raciocínio rápido para se ter a melhor resolução dos problemas da vida.
A tradição do coco persiste como brincadeira popular em todo o Nordeste com suas derivações, entre elas, o coco de roda, o coco de umbigada, o coco de embolada, o coco de trupé, o coco de praia e o coco de sala.
No começo da oficina, tivemos uma breve conversa sobre a história do brinquedo, traçando um paralelo com os dias atuais, logo integrada ao ritmo com o trupé e palmas. Em seguida fomos apresentados aos instrumentos percussivos, ao canto e por último e não menos importante ao “repente” onde se utiliza o improviso, o raciocínio rápido para se ter a melhor resolução dos problemas da vida.
Obrigada, Guga!
Afoxé Ibaô
No dia 23 de agosto tivemos mais uma oficina de cultura popular ligada a nossas matrizes culturais.
Contamos com presença do grupo Afoxé IBAÔ, fundado em 2009 na cidade de Campinas, liderado por David Rosa. Seus patronos são os Orixás Xangô e Oxum e são afilhados do Afoxé Oyá Alaxé de Recife-PE.
Oficina de Maculelê
No dia 20 de setembro, Paulo Bombril e o pessoal na Capoeira IBECA nos ensinaram um pouco sobre o Maculelê. Dentre os mitos sobre essa dança, a Capoeira Ibeca
trabalhou a partir da história de um guerreiro, Maculelê, que lutava com braços de pau, auxiliado por mulheres, para defender sua aldeia do
ataque de uma tribo inimiga. Na oficina tivemos contato com sua história, seus passos, seu ritmo,
seus tambores e musicas.
Nyahbinghi
Som, palavra e consequente poder
Em 25 de outubro, nosso projeto recebeu membros do CONGRESSO NEGRO INTERNACIONAL ETIOPE AFRICANO, fundada em 2006, na cidade de Jarinu – SP.
Com muita generosidade, eles compartilharam alguns dos princípios de sua
fé, e a relação desta com o ritmo Nyahbinghy, que tem por princípio da cadência
das batidas do coração, o ritmo primordial do universo.
Os integrantes da casa não tratam a cultura rastafari como
religião, doutrina ou filosofia, mas como forma de viver. Pregando igualdade,
alegam que todo rastafari deve lutar como um soldado contra qualquer forma de
opressão.
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